💭 Entre filtros e bisturis: estamos perdendo nossa identidade na busca pela beleza perfeita?

Na era dos filtros e dos retoques instantâneos, nunca estivemos tão próximos do “rosto perfeito” — e, ao mesmo tempo, tão distantes de quem realmente somos. A psicanalista Bianca Barki, traz uma reflexão que ecoa forte dentro e fora das redes: na tentativa de nos encaixar em um padrão estético, estamos apagando nossa própria identidade.

Hoje, a beleza parece ter um molde. Narizes delicados, bocas volumosas, sobrancelhas arqueadas e expressões semelhantes dominam as telas. A tecnologia e os procedimentos estéticos tornaram possível alterar o que antes era considerado imutável — mas, com isso, muitos rostos têm perdido algo essencial: a singularidade.
 
 
A estética da repetição
O fenômeno da “face padronizada” não é apenas um modismo. Ele reflete o desejo inconsciente de pertencimento, de ser aceito e admirado em uma sociedade que valoriza o visual acima da essência.
Nas redes sociais, o algoritmo favorece o que já é conhecido — e, assim, o diferente passa a ser visto como “estranho”. O resultado? Uma estética repetitiva, onde a individualidade cede lugar à cópia.
No universo da moda e da imagem, essa tendência também se manifesta. Modelos que antes se destacavam por traços únicos — um dente separado, um olhar marcante, uma textura de pele natural — agora enfrentam a pressão de se encaixar em um padrão universal de beleza. E, com isso, a diversidade que sempre alimentou a expressão estética começa a se diluir.
 
 
Beleza ou pertencimento?
A busca pela perfeição estética muitas vezes esconde um desejo mais profundo: o de ser aceito.
Entre cirurgias, preenchimentos e filtros, há uma tentativa silenciosa de se encaixar em uma ideia coletiva de beleza. Mas, paradoxalmente, quanto mais nos aproximamos desse ideal, mais nos afastamos de nós mesmos.
A estética pode ser uma forma poderosa de expressão — quando nasce da autenticidade. Quando vira máscara, transforma-se em prisão.
 
 
O retorno ao espelho real
Talvez o grande desafio contemporâneo seja reaprender a se ver.
Aceitar imperfeições, reconhecer traços únicos e redescobrir o que nos diferencia.
A beleza não está no filtro que uniformiza, mas no reflexo que revela quem somos.
O rosto que carrega história, expressão e verdade é o que realmente marca.
Porque o que é igual passa despercebido — mas o que é verdadeiro, permanece.
 
✨ “A beleza que nos conecta é a que revela, não a que esconde.”